O que é fístula anal e qual é o tipo de tratamento?
A fístula anal é um canal que se forma entre o final do intestino (canal anal e reto) e a pele ao redor do ânus e gera uma série de problemas no organismo, como dores, vermelhidão, saída de pus e sangramento pelo ânus ou ao redor dele. Em grande parte, ocorre após um abscesso no ânus, e pode ser causada por doenças inflamatórias do intestino, como doença de Crohn.
Tipos de fístulas
As fístulas podem ser superficiais ou profundas. Podem ter um trajeto completo do intestino a pele ou incompleto, terminando em fundo cego. Em alguns casos mais complexos, tem trajetos múltiplos podendo, inclusive, ter vários orifícios de drenagem na pele, em ambos os lados das nádegas.
O tipo de fístula vai implicar diretamente em qual tratamento pode ser oferecido ao paciente e na taxa de cura.
Tipo de tratamento
Para evitar complicações como infecção está sempre indicado o tratamento cirúrgico. A cirurgia chamada fistulotomia anal é a mais comumente realizada. O médico, normalmente um coloproctoplogista, faz o seguinte:
– Cateteriza o trajeto (túnel) com um estilete
– Corta a pele e gordura sobre a fístula para expor todo o túnel entre o intestino e a pele;
– Remove o tecido do interior da fístula.
No caso de fístulas mais profundas que atravessam a musculatura ao redor do ânus, a fim de evitar a incontinência anal, associa-se a essa técnica a colocação de um fio pelo trajeto. Ele tem a função de cortar a musculatura aos poucos e criar um tecido de fibrose no local que evitará que o paciente fique perdendo fezes pelo ânus no futuro. Pode ser necessário repetir a cirurgia algumas semanas após para a retirada desse fio.
Outras técnicas como o retalho mucoso e a aplicação de cola no trajeto também são realizadas.
Cirurgia a laser
Mais recentemente, tem-se utilizado o laser como auxiliar no tratamento. Nesta técnica, cateteriza-se o trajeto da fístula com uma fibra com laser na ponta e o laser é acionado enquanto traciona-se o cateter pelo túnel. O calor produzido queima o trajeto destruindo o tecido do interior da fístula e a reação inflamatória local leva a uma cicatrização do trajeto. Apresenta a grande vantagem de não causar destruição da musculatura perianal que controla a continência fecal. Além disso, a recuperação é mais rápida e praticamente sem dor no pós-operatório.
Como é a recuperação?
O paciente fica internado por, pelo menos, 24 horas para garantir que o efeito da anestesia desapareceu e que não existe numa complicação, como sangramento ou infecção. Depois disso, é possível voltar a casa, mas é recomendado fazer repouso por 2 a 3 dias, antes de voltar a trabalhar.
Nesse período pode ser necessário tomar antibióticos ou anti-inflamatórios para aliviar a dor. Para reduzir o risco de infecção, também se deve manter a higiene da região com água morna e um sabão de pH neutro, além de fazer os curativos no posto de saúde.
É comum haver sangramento momentos após a cirurgia. Para isso, caso a dor seja intensa, é importante ir imediatamente ao pronto-socorro. A alimentação deve ser regrada, como sopas e caldos, ou seja, refeições mais pastosas para evitar o acúmulo de fezes que podem aumentar a pressão sobre as paredes do ânus e dificultar a cicatrização.